3 de abril de 2012

Vale a pena imigrar - algumas respostas


Olá pessoal, como prometido em Agosto de 2011 (já faz tempo hein??!!!).. seguem algumas perguntas que nós mesmos fizemos e ainda estavam sem respostas.. vamos lá...

- Já estão adaptados? Como é viver em um país diferente?
Na verdade a resposta pra essa pergunta é bem ampla pois o certo que para algumas sim estamos adaptados, para outras ainda estamos nos apaptando e para algumas jamais iremos nos adaptar, eu enumero 3 situações que deveríamos (ou não) nos adaptar:


1- Idioma (ingles aqui em Ontário - francês em Quebec): Posso dizer que a adaptação acontece de diversas maneiras, mas o que aprendemos aqui é que nunca será nossa língua e nunca saberemos dizer tudo com as palavras certas e com o primor de detalhes e argumentação que temos no portugues.. há uma expressão em frances que diz assim " Je me débrouille" que diz em outras palavras que "eu me viro na língua". consigo me fazer entender... mas jamais será tão bem quanto se fosse em Português (ou sua língua natal) a não ser que você MERGULHE na língua e faça do seu dia-a-dia um intensivo.. mas assim corre o risco de deixar seu filho (a) mais preguiçoso em manter o seu idioma falado em casa e assim faz com que sua língua nativa seja perdida (nós decidimos que não queremos isso - meio a contra-gosto meu, mas a minha é sempre a última palavra.. vocêm sabem né... sim amor!). Mas sem perder o fio da meada, você a cada dia vai entender melhor oque todos dizem e entendendo melhor os filmes, vai começar sim a entenderem ingles (ou francês) mas na hora de se manifestar (falar) não será totalmente natural e mesmo que viva muitos anos aqui (a não ser que abra mão de sua língua nativa - como eu expliquei) vai sim usar expressãoes mais simples e não vai querer estender muito as conversas pois não terá nunca 100% de certeza que oque você disse foi entendido de acordo com oque quiz dizer. Ou seja, vai sim aprender a conviver com a língua, mas ela será sempre uma "pedra de tropeço" na sua viva. Há quem conteste isso, mas você têm que fazer escolhas, SEMPRE.


2- Clima: Eu digo que estou muito bem adaptado, mas o mesmo não diz a Adriana pois ela sim sente falta do calor, do sol e da praia. Apesar disso, nós que viemos do sul do país (Porto Alegre) sentimos muito menos frio aqui do que lá.. como muitos já disseram, a estrutura para suportar o frio é geral: todas as casas e aptos têm aquecimento (SEM EXCEÇÃO - todas), todas as lojas, metrô, ônibus, praticamente todos os locais cobertos (com exceção das paradas de ônibus onde há uma cobertura de vidro (na maioria delas) para conter o vento, a água é aquecida em praticamente todos os banheiros públicos e TODAS as casas, as roupas são baratas e todos têm acesso a acessórios para se protegerem do frio (luvas, gorros, casacos, etc) até mesmo os mendigos. Na parte da neve, a prefeitura limpa a neve nas principais avenidas antes das 9 horas da manhã aliviando assim o impacto de lentidão nas vias, eles colocam sal após limparem oque evita a acumulação de gelo nas ruas, a meteorologia avisa com muita antecedência em todos os veículos de mídia possível incidência de tempestade de neve (ainda não pegamos em 2 anos aqui, mas realmente complica um pouco mais tudo), os carros são preparados para não falharem ou terem problemas para a partida em dias muito frios (nunca vi problema aqui). Em geral há uma preocupação e prevenção em situações de possível risco e tudo é muito bem preparado para lidar com o frio intenso. Portanto eu diria que a adaptação ao frio é algo pessoal de cada um dependendo de como se relaciona com o clima, mas eu diria que não é o principal problema para a adaptação em um novo país.


3- Saudades da família e amigos: Esse parte realmente pesa pois, apesar de se fazer novos amigos onde quer que você vá, são amigos novos que você têm uma história curta de amizade e portanto você procura ir cuidadosamente (tateando) para entender quais são os valores e coisas que esses amigos gostam e não gostam, até porque não são tantos (95% eu diria serão brasileiros) e você têm que tentar manter pois não há aquela abundância que você tinha no Brasil. Portanto você não terá amigos de infância aqui, pois não viveu sua infância aqui.. é claro... pode ter até amigos daqui (que não sejam brasileiros) mas vai notar que as coisas que gosta, que te faz rir e curtir são elementos que não fazem sentido a eles (o time de futebol do coração, as músicas da juventude, os filmes que você curtia, os desenhos animados, o chaves, a política, o esporte, as mazelas sociais, os problemas econômicos, a roubalheira, o caos na saúde, educação, etc são assuntos que te interessa discutir, mas eles não poderiam acrescentar nada e vão falar de baseball, falam de um tal de "Wayne Gretzky" que você jamais ouviu falar, falam sobre Stanley Cup e sobre temas que você não participou na história deles pois não estava aqui pra isso. Portanto não "dá liga" nessas conversar e isso se torna chato para ambos os lados. Há excessões de "canadenses", oque está cada dia mais difícil de definir que é canadense, que se interessam por assuntos de fora do país e são pessoas mais abertas ao conhecimento mundial e que se pode ter uma relação mais interessante, mas são casos mais raros. No que diz respeito a amigos brasileiros, sim acabamos encontrando alguns, mas acabamos nos identificando mais como poucos, oque é perfeitamente natural. A saudade da família é um dos principais motivos que faz o sonho virar pesadelo e alguns desistirem de viver aqui, no nosso caso, apesar de amarmos nossa família (e Muito), já não tínhamos laços diários com eles a mais de 10 anos, oque facilitou nosso processo de adaptação nessa parte, mas nada que o skype video, MSN, etc não compense em contatos quase que diários, colocamos um numero no Brazil (via skypein) que quando qualquer um nos liga nesse numero local (em POA) nosso telefone toca aqui, isso estreita um pouco o relacionamento e nos faz sentir mais parte de nosso país. É uma barreira sim, mas acreditamos que é perfeitamente superável se, de alguma forma, não há uma dependência muito grande no dia-a-dia com a família mais próxima (mãe/pai/irmãos), se há, eu diria que deve ter um peso grande na decisão, no nosso caso não pesou tanto.


Como é viver em um país diferente?
Eu diria que a retórica é necessária... é DIFERENTE.. como também já foi dito, não é melhor nem pior, é outra realidade, no meu caso em específico, 90% das coisas são melhores quando comparadas com o Brasil, mas isso é muito particular e não pode servir como base estatística. É diferente pois o país têm uma outra história e portanto deve ser entendido sobre um outro ponto de vista, alguns exemplos: Voto não obrigatório, maioria esmagadora da população com curso superior (curso de 2-4 anos pós-secundário considerado curso superior), polícia muito valorizada, respeitada e honesta, professores valorizados, treinados e escola participativa, político não é considerado cargo ou profissão e sim doação de serviços a coletividade, saúde de graça e para todos (não há medicina privada - a não ser tratamentos de beleza e casos especiais), escolas públicas de qualidade superior ou igual ao ensino privado (até o segundo grau de graça), faculdades todas PAGAS (sem excessão) mas há bolsas de estudos para se pagar depois de formados, carga tributária baixa (se comparada com o Brasil - mas aí também é sacanagem né?), leis feitas para serem respeitadas, transito organizado e respeitado, idosos tratados com respeito (acessibilidade a idosos e deficientes em praticamente todos os locais), segurança pública de excelente qualidade, violência baxíssima ou quase inexistente em determinadas áreas (onde moramos - Markham - é um exemplo disso), transporte público de qualidade e extremanente pontual. etc.

Existem também os problemas.. mas desculpe... até o fechamento desse post não me ocorreu nenhum....

Se teve a paciência de ler até aqui.. você já subiu no meu conceito.... obrigado!

Continuo respondendo as questões no próximo post....

Alex Boeira

5 comentários:

Vera (mãe da Paloma) disse...

Oi Alex/Adriana, como sempre li seu blog e ADOROOOOO!!!
Vcs escrevem muito bem, me faz um bem ler sobre isso, para sempre entender o distanciamento da minha filhinha linda Paloma, ainda mais agora com o nascimento do meu netinho, mas tudo por uma boa causa afinal sempre priorizamos a felicidade deles, né? Fiquem com Deus...

Diogo Mendes disse...

Oi Alex! Muito bom esse post! Apesar de ter ficado apenas por alguns meses no Canadá, refleti bastante sobre como seria morar em definitivo em outro país e me identifiquei com muitas coisas que você disse, principalmente sobre ser DIFERENTE. É difícil dizer o que é melhor ou pior, pois isso é muito relativo. Depende da experiência, prioridades e objetivos de cada um.

Abraços!

Apoema disse...

Alex, nossa, até que enfim um post que pega numa questão que me preocupa muito: expressar-se e compreender-se:)
Aqui, no Brasil, faço pte de uma elite que fez curso superior (2 cursos, 2 universidades)em faculdades públicas e que tem redação e vocabulário bem acima da média e tem um emprego numa boa instituição daqui.
Aí não terá nenhum dos cursos reconhecidos e será um quase "nada", pois não poderei usar meus diplomas ai, pelo menos, não diretamente. Porém, o que me perturba mesmo é a dúvida de que um dia terei fluência e vocabulário suficiente para conseguir exprimir-me bem e da maneira mais específica possível, em outro idioma. Já sofro antecipadamente pensando nisso.
A idéia de morar no Canadá é maravilhosa, mas qto mais demora esse visto, mais eu sofro com questões que não deveriam me incomodar tanto, principalmente dessa forma antecipada.
Hj, no meu trabalho, atendi 2 franceses, um senhor casado com uma brasileira, residente, que entende e se comunica extremamente bem; e um prof. convidado da USP pra lecionar nesse semestre no FFLCH, que tb compreendia e falava bem portuguÊs. Qdo vejo casos como esses acende uma luz de esperança, de que um dia eu domine ai, 90% do que sei aqui. Será?
Precisava desabafar!!!

DarkSouls disse...

Com todo respeito, mas foda-se o Brasil, praias, calor, samba, pagode, funk e etc
Brasil é um verdadeiro lixo, e a maioria dos brasileiros não passam de verdadeiros "mulher de bandido", adoram se fuder,morrer na fila de atendimento de algum posto de saúde e pagar impostos ridiculamente absurdas.
Eu, como tenho uma mente sã, estou investindo o possível para sair do Brasil e ir morar no Canada, estou no meu ultino ano de faculdade e ainda faltam 2 anos para concluir meu curso de idioma.
Encontrei esse blog quando estava pesquisando a respeito. Não estou aqui para intrigas e sei que ninguém ira responder, mas pensei em deixar esse meu ponto de vista aos futuros forasteiros que assim como eu, possam estar procurando sanar suas duvidas e estejam com receio de deixar o lixo do Brasil pra trás.

SAIM DO BRASIL E SEJAM MUITO FELIZES.

Forte abraço.

Alex Boeira disse...

Ola Vesgo, entendo sua indignacao e obrigado pelo comentario. Se quiser entrar em contato algum dia segue meu skype id absantos75 . Alex Boeira